Construtivismo:
Paralelamente à inovação tecnológica, grandes pensadores e educadores perceberam que a escola tradicional também necessitava de inovação já que essa se baseava exclusivamente na transmissão do conhecimento pelo professor ao aluno, que o recebia passivamente.
Surgiu então uma nova corrente teórica denominada Construtivismo – onde o desenvolvimento da inteligência é determinado por ações mútuas entre o indivíduo e o meio de modo dinâmico, lúdico, crítico e individualizado. Jean Piaget, Lev Vygotsky, Howard Gardner, Paulo Freire, Emília Ferreiro, entre outros, são importantes idealizadores dessa corrente.
O professor deixa de ser um transmissor para se tornar um mediador do conhecimento que estimula a procura, a descoberta, a assimilação e a acomodação do conhecimento. Este utilizasse de esquemas mentais preexistentes do aluno em relação ao mundo exterior.
A educação deve respeitar as fases de desenvolvimento da criança que ocorre em velocidades e faixas etárias diferentes. O educando é visto de modo único pelo educador que na construção do conhecimento desenvolve suas potencialidades através de um ensino aprendizagem mais significativo.
Teorias de Aprendizagem Cooperativa:
“Cooperar é atuar junto, de forma coordenada, no trabalho ou nas relações sociais para atingir metas comuns. As pessoas cooperam pelo prazer de repartir atividades ou para obter benefícios mútuos” (ARGYLE, Michael apud CAMPOS, SANTORO, et al., 2003, p. 25).
A aprendizagem cooperativa é uma proposta pedagógica onde estudantes ajudam-se no processo de ensino-aprendizado, atuando como parceiros entre si e o educador, com o objetivo de aprender. (Ibidem, p.26)
As teorias de aprendizagem buscam reconhecer a dinâmica envolvida nas ações de ensinar e aprender iniciando pelo reconhecimento da evolução cognitiva do indivíduo e explicam a relação entre o conhecimento preexistente e o novo conhecimento e envolve identificação pessoal e interação com outros indivíduos. (CAMPOS, SANTORO, et al., 2003, p. 66).
A Tabela abaixo demonstra algumas teorias de aprendizagem colaborativa.
Teorias de aprendizagem
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Resumo das características
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Relação com cooperação
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Epistemologia genética de Piaget
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Ponto central: estrutura cognitiva do
sujeito;
Níveis diferentes de desenvolvimento
cognitivo;
Desenvolvimento facilitado pela oferta
de atividades e situações desafiadoras
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A interação social e a troca entre indivíduos
funcionam como estímulo ao processo de aquisição de conhecimento
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Teoria construtivista de Bruner
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O aprendiz é participante ativo no processo
de aquisição de conhecimento;
Instrução relacionada a contextos e experiências
pessoais; Determinação de sequências efetivas de apresentação de material
didático.
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Teoria contemporânea: criar comunidades
de aprendizagem mais próximas da prática colaborativa do mundo real
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Teoria sociocultural de Vygotsky
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O desenvolvimento cognitivo é limitado a
um determinado potencial para cada intervalo de idade (zona de desenvolvimento
proximal)
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O desenvolvimento cognitivo completo
requer interação social
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Aprendizagem baseada em problemas
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A aprendizagem inicia-se com um problema
a ser resolvido (âncora ou foco);
É centrada no aprendiz e contextualizada.
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Os problemas provêm contextos sociais e
culturais em que se desenvolvem soluções em cooperação
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Cognição distribuída
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Interação entre indivíduo, ambiente e
artefatos culturais.
Ensinamento recíproco.
Importante papel da tecnologia
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O conhecimento é compartilhado e distribuído,
sendo necessária a interação.
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Cognição situada
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A aprendizagem ocorre em função da
atividade, da cultura e do contexto e ambiente social em que está inserida.
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Interação e colaboração são componentes
críticos para a
Aprendizagem
(comunidade de prática)
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Percebe-se pela análise da Tabela que a aprendizagem colaborativa se baseia na
interação social e, portanto, na comunicação entre o indivíduo e o meio.
Piaget e a Epistemologia Genética:
Piaget estudou a epistemologia genética, ou teoria do desenvolvimento natural da criança.
Como biólogo Piaget categorizou o desenvolvimento do pensamento em quatro estágios desde o nascimento até a adolescência do indivíduo, quando a capacidade total de raciocínio é adquirida. Segundo o autor a transmissão de conhecimentos do professor para a criança é limitada, pois depende da fase em que a criança se encontra, de seus conteúdos adquiridos e de seu interesse. Para o autor, o conhecimento é construído através de descobertas mediante dois mecanismos: assimilação e acomodação.
Vygotsky e a teoria sociocultural:
Segundo (REGO, 1995), Vygotsky atribui uma grande importância ao papel da interação social no desenvolvimento do ser humano. Para ele a maturação biológica vem em segundo plano no desenvolvimento da complexidade do comportamento humano, já que essas dependem da interação do sujeito com o meio social.
O desenvolvimento está relacionado ao contexto sócio-cultural em que o sujeito insere-se de forma dinâmica. Explicando o processo de desenvolvimento psicológico Vygotsky afirma:
“Podem-se distinguir, dentro de um processo geral de desenvolvimento,
duas linhas qualitativamente diferentes de desenvolvimento, diferindo
quanto a sua origem: de um lado, os processos elementares, que são de
origem biológica; de outro, as funções psicológicas superiores, de origem
sócio-cultural. A história do comportamento da criança nasce do
entrelaçamento dessas duas linhas.” (VYGOTSKY,1988,p.52).
Para Rego (1995), na perspectiva Vygotskiana, o desenvolvimento das funções intelectuais é mediado de modo social pelos signos para solucionar um dado problema (lembrar, comparar coisas, relatar, escolher, etc.).“O signo age como um instrumento da atividade psicológica de maneira análoga ao papel de um instrumento no trabalho.”(VYGOTSKY,1988, p.52).
Ao internalizar as experiências vividas, o individuo aprende a organizar os próprios processos mentais. A linguagem, expressa tanto o pensamento da criança, como também age organizando esse pensamento.
Vygotsky não ignora as definições biológicas, porem atribui uma enorme importância à dimensão social. Ele afirma: “o aprendizado pressupõem uma natureza social especifica e um processo através do qual a criança penetra na vida intelectual daqueles que a acercam.” (VYGOTSKY, 1984,p.99)
Paulo Freire e a pedagogia da autonomia:
Para Freire (1996, p.47) ensinar não significa apenas transferir conhecimento, mas possibilitar sua produção e construção. O educador aprende ao ensinar e o aluno, por sua vez, ensina ao aprender. Para ele, não há docência sem discência. O professor não pode se acomodar, mas deve estar aberto para aprender coisas novas constantemente.
O autor destaca também a importância de se refazer ou recriar o que foi aprendido. Isso acontece em processo de comparações, repetições, satisfação da curiosidade, e ir além dos condicionantes.
Freire destaca que o aprendizado deve ser crítico e não pode ser feito superficialmente.
Para isso os educadores devem ser instigadores e demonstrar curiosidade pelo novo e aceitar
as mudanças. Os riscos devem ser aceitos e mitigados.
Educar para Paulo Freire é uma especificidade humana e uma forma de intervenção no mundo e que nada justifica a minimização dos seres humanos, nem mesmo a tecnologia ou a ciência. Porém ainda segundo o autor a tecnologia não deve ser completamente rejeitada. (FREIRE, 1996, Passim)
Nota-se na Tabela que as características essenciais à pedagogia da autonomia apresentada por Freire (1996) podem ser promovidas com o auxílio de ferramentas tecnológicas.
Necessidades Pedagógicas
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Tecnologias
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Características tecnológicas
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Rigorosidade metódica
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Tecnologias da informação bem desenvolvidas;
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Pensamento sistêmico. Seu desenvolvimento
depende de análise, algoritmos e fluxos bem definidos e estruturados;
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Pesquisa
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Internet e sites de busca;
Enciclopédias digitais;
Mídias eletrônicas;
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Favorecem pesquisa rápida, com
conteúdos relacionados e comentados em um acervo mundial e dinâmico que se renova
constantemente;
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Respeito aos saberes dos educandos
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Blog; Micro blog;
Fórum de discussão;
Lista de discussão;
Correio eletrônico
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Permitem a criação intelectual e compartilhamento
rápido e abrangente de informações e opiniões;
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Criticidade
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Ferramentas que permitem comentários online
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Capacidade de comentar e expor a
opinião pessoal e coletiva;
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Estética
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Interfaces digitais
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Apresentam o conteúdo de forma
dinâmica, seletiva, e atraente aos olhos. No caso de interfaces touchscreen,
têm-se a impressão de tocar a informação com os dedos;
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Corporificação das palavras pelo
exemplo
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Podcasting;
Webcasting;
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Explicação pelo exemplo. A gravação de
áudio ou vídeo exemplifica o conteúdo de modo mais próximo do que um texto impresso;
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Aceitação do novo
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Novas mídias digitais e suas interfaces
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Necessidade constante de aprendizado a
novas formas de utilização das tecnologias e interfaces;
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Assunção da identidade cultural
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Redes sociais; Ferramentas de criação de
arte digital
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Objetivo de criar e manter redes
sociais estimulando a comunicação e interação; Criação livre de conteúdos em
formato de texto, áudio, vídeo de livre acesso.
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